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O Guardião do Tempo

O Guardião do Tempo

Lucas sempre foi fascinado por relógios. Desde criança, ele passava horas observando os ponteiros girarem, ouvindo o tique-taque rítmico que parecia ecoar o próprio coração do universo. Órfão desde os seis anos, ele cresceu em um orfanato sombrio na periferia da cidade, onde o tempo parecia estagnado. Mas, para Lucas, os relógios eram mais do que máquinas; eram portais para um mundo além do que ele podia ver.

Um dia, enquanto explorava um antiquário abandonado, Lucas encontrou um dispositivo estranho. Era um relógio de bolso, mas como nenhum outro que ele já tinha visto. Seu mostrador era feito de um material que parecia mudar de cor conforme a luz o atingia, e os números não eram algarismos comuns, mas símbolos antigos que ele não conseguia decifrar. Quando ele o segurou, uma sensação estranha percorreu seu corpo, como se o tempo ao seu redor tivesse parado por um breve instante.

Naquela noite, enquanto examinava o relógio em seu quarto, ele acidentalmente pressionou um botão escondido. De repente, o mundo ao seu redor congelou. O vento parou de soprar, o som do tráfego cessou, e até mesmo o tique-taque do relógio de parede desapareceu. Lucas olhou pela janela e viu pássaros parados no ar, gotas de chuva suspensas como cristais. Ele havia parado o tempo.

No início, ele usou o poder do relógio para pequenas travessuras: congelar o tempo durante provas para colar, ou evitar situações embaraçosas. Mas logo ele percebeu que o dispositivo era muito mais do que uma ferramenta para diversão. Ele começou a ter visões: flashes de um futuro distante, onde cidades eram reduzidas a escombros, e de um passado distante, onde civilizações antigas usavam tecnologia avançada para manipular o tempo.

Foi então que ele conheceu Os Cronistas, um grupo de viajantes temporais dedicados a preservar o fluxo natural do tempo. Eles explicaram que o relógio de Lucas era um Chronos, um dos poucos dispositivos capazes de controlar o tempo. Mas ele não era o único. Outra facção, conhecida como Os Destruidores, buscava usar os Chronos para alterar o passado e moldar o futuro de acordo com sua vontade.

Lucas foi recrutado pelos Cronistas, mas sua lealdade foi testada quando ele descobriu que sua própria história estava entrelaçada com a guerra temporal. Ele soube que seus pais não haviam morrido em um acidente, como sempre lhe disseram. Eles haviam sido mortos pelos Destruidores por tentarem proteger um Chronos. Agora, Lucas era o novo Guardião do Tempo, e o destino do universo dependia de suas escolhas.

A batalha entre as duas facções se intensificou. Lucas viajou através de eras, desde o auge das civilizações antigas até o fim dos tempos, onde o tempo em si começava a se desintegrar. Ele aprendeu a manipular o tempo de maneiras que nunca imaginara: acelerando, retrocedendo, criando loops temporais e até mesmo abrindo portais para realidades paralelas.

Mas cada uso do Chronos tinha um custo. Lucas começou a notar que suas memórias estavam se desvanecendo, como se o tempo estivesse se voltando contra ele. Ele também descobriu que os Destruidores eram liderados por alguém inesperado: uma versão futura de si mesmo, que havia sucumbido à tentação de usar o Chronos para corrigir seus próprios erros.

No clímax da história, Lucas enfrentou seu eu futuro em uma batalha épica no coração de um vortex temporal. Ele percebeu que a única maneira de salvar o fluxo do tempo era destruir o Chronos, mesmo que isso significasse perder o poder que tanto o fascinara. Com um último ato de coragem, ele quebrou o dispositivo, liberando uma onda de energia que restaurou o equilíbrio temporal.

Quando acordou, Lucas estava de volta ao orfanato, sem o Chronos, mas com uma nova perspectiva sobre o tempo. Ele percebeu que o verdadeiro poder não estava em controlar o tempo, mas em valorizar cada momento. Anos depois, já adulto, ele abriu uma pequena loja de relógios, onde contava histórias sobre um jovem que um dia se tornou o Guardião do Tempo.

E, às vezes, quando o vento parava e o silêncio tomava conta, ele jurava ouvir o tique-taque distante de um relógio que não existia mais.

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