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A Sexta-Feira Santa e o Mistério da Cruz Perdida

A Sexta-Feira Santa e o Mistério da Cruz Perdida



Capítulo 1: A Tempestade que Anunciava o Mistério

A pequena vila de São Geraldo sempre foi conhecida por sua tranquilidade, mas naquela Sexta-Feira Santa, algo diferente pairou no ar. O céu, antes claro, escureceu rapidamente, e uma tempestade se formou sobre a igreja centenária que ficava no centro da praça.

O padre Emílio, um homem idoso e sábio, preparava-se para a tradicional Procissão do Senhor Morto quando notou que algo estava errado. A grande cruz de madeira entalhada, que ficava atrás do altar e era carregada todos os anos na procissão, havia desaparecido.

— Irmã Marta, você viu a cruz? — perguntou ele, preocupado.

— Não, padre. Ela sempre fica no seu lugar! — respondeu a freira, igualmente confusa.

Enquanto isso, do lado de fora, um grupo de crianças brincava perto do cemitério quando ouviram um som estranho vindo da capela abandonada na colina.

Capítulo 2: A Lenda da Cruz Amaldiçoada

Diziam os mais antigos que, há muitos anos, um homem perverso havia roubado a cruz original da igreja e, ao tentar vendê-la, foi atingido por um raio no exato momento em que blasfemou contra Deus. Desde então, a cruz teria desaparecido, e uma nova foi esculpida para substituí-la. Mas alguns acreditavam que, em toda Sexta-Feira Santa, o espírito daquele homem vagava, tentando encontrar a cruz para se redimir.

— Será que a cruz sumiu de novo? — sussurrou João, um dos garotos, olhando para a capela escura.

— Não seja bobo, isso é só história! — disse Maria, sua irmã, embora sentisse um calafrio.

Capítulo 3: O Segredo da Capela

Determinado a resolver o mistério, o padre Emílio decidiu investigar. Com uma lanterna na mão e acompanhado pelo corajoso sacristão, Lucas, ele subiu até a capela abandonada. A porta estava entreaberta, rangendo com o vento.

Dentro, entre poeira e teias de aranha, eles encontraram a cruz caída no chão, como se alguém a tivesse arrastado até ali. Mas o mais estranho eram as marcas no chão — pegadas que pareciam ter sido feitas por alguém descalço, mas que simplesmente... desapareciam no meio da sala.

— Isso não é coisa deste mundo — murmurou Lucas, cruzando-se.

Capítulo 4: A Revelação

Naquele momento, um vento forte soprou, e as velas da capela se acenderam sozinhas. Uma figura pálida e translúcida apareceu diante deles — era o homem da lenda, com olhos cheios de pesar.

— Padre... — sussurrou o espírito. — Eu só quero descansar.

O padre Emílio, embora assustado, ergueu o crucifixo que carregava no pescoço.

— Em nome de Deus, o que você quer?

— A cruz... ela precisa voltar... para que eu possa ser perdoado.

Capítulo 5: A Procissão da Redenção

Compreendendo, o padre e Lucas levaram a cruz de volta à igreja. A tempestade cessou, e o sol voltou a brilhar. Naquela noite, durante a procissão, todos sentiram uma presença solene acompanhando o cortejo. Quando a cruz foi colocada novamente em seu lugar, uma brisa suave passou pela igreja, como um suspiro de alívio.

No dia seguinte, a vila amanheceu em paz. As crianças corriam pela praça, os pássaros cantavam, e ninguém mais viu o espírito. Mas, desde então, dizem que na Sexta-Feira Santa, se alguém prestar atenção ao vento, pode ouvir um sussurro de agradecimento vindo da igreja.

E assim, a cruz nunca mais desapareceu.

Fim.

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