As Marcas do Tempo: Ficção Histórica
Beatriz sentiu o coração acelerar quando escavou o último punhado de terra e encontrou um estranho artefato. O pequeno objeto, feito de um material que parecia oscilar entre o metal e o vidro, tinha inscrições enigmáticas em uma língua desconhecida. Como uma jovem arqueóloga em sua primeira grande expedição na Turquia, ela sabia que poderia estar diante de uma descoberta revolucionária.
No momento em que seus dedos tocaram a superfície fria do artefato, um brilho intenso tomou conta de sua visão. O ar ao seu redor pareceu desaparecer e, quando recobrou os sentidos, Beatriz não estava mais no século XXI.
Ela se viu cercada por um acampamento de tendas de tecido grosso, soldados com armaduras de couro e lanças afiadas caminhando em patrulha. O cheiro de fumaça e ferro enchia o ar. Beatriz estava no coração do Império Bizantino, durante uma de suas mais tumultuadas guerras contra os otomanos.
Sem tempo para questionar, ela foi capturada por um grupo de soldados que a levaram até um comandante de semblante severo. Seu latim e grego arcaico foram suficientes para convencê-los de que não era uma inimiga, mas uma estudiosa estrangeira. Assim, ela foi levada à corte de Constantino XI, onde percebeu que o conhecimento que possuía sobre aquele período poderia ser sua melhor arma.
A cada dia que passava, Beatriz desvendava novos segredos sobre a história do império e do artefato que a transportou ali. Sua presença causava impacto nos eventos ao seu redor, e ela temia estar alterando a linha do tempo. Ela conheceu estudiosos, guerreiros e até mesmo figuras históricas, absorvendo cada detalhe que pôde. Mas a pergunta que a assombrava era: como voltar para casa?
Sua busca a levou a uma sociedade secreta de monges que guardavam registros sobre relíquias místicas. O artefato, conhecido como "Relógio de Chronos", era uma peça perdida de um mecanismo maior. Para ativá-lo e retornar ao seu tempo, Beatriz precisava encontrar as outras partes espalhadas pelo império.
A jornada foi perigosa. Ela se viu fugindo de inimigos que queriam tomar a relíquia para alterar o destino do mundo, se aliando a mercadores e estudiosos que a ajudaram em sua missão. Com cada descoberta, ela percebia que estava deixando sua própria marca na história, questionando-se se, ao final, queria realmente partir.
Quando finalmente reuniu todas as peças do Relógio de Chronos, uma escolha se impôs diante dela: voltar ao seu tempo ou permanecer e influenciar os eventos que moldariam o futuro. Com o coração dividido, ela acionou o dispositivo e um clarão a envolveu.
De volta à escavação na Turquia, Beatriz segurava o artefato em suas mãos. Para todos ao seu redor, apenas segundos haviam se passado. Mas ela sabia que havia vivido anos em uma era distante, e as marcas do tempo estavam gravadas não apenas em sua memória, mas em sua alma.
Agora, com conhecimento de eventos que nunca foram registrados, Beatriz enfrentava um novo dilema: contar a verdade e mudar o que era conhecido sobre a história, ou guardar para si o segredo da viagem no tempo?
E assim, sua jornada estava apenas começando.
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