Amor e Tempestade
Amor e Tempestade
Por Bruno Ricardo
Capítulo 1: O Encontro na Tempestade
A tempestade caía com fúria, as rajadas de vento faziam as árvores vergarem sob o peso da água e do trovão. O céu, um manto cinza e denso, tornava o dia tão escuro quanto a noite. Lúcia apertava o volante com força enquanto dirigia pela estrada molhada e esburacada que serpenteava por entre montanhas e colinas. As gotas de chuva eram tão pesadas que o limpador do para-brisa mal conseguia dar conta, e o GPS havia perdido o sinal havia mais de uma hora.
Ela estava exausta. Tinha saído de São Paulo naquela manhã, tentando fugir de tudo que deixava para trás: uma carreira que já não fazia sentido, um noivado rompido, e uma série de expectativas não cumpridas que a sufocavam cada vez mais. Sentia-se como se estivesse sempre tentando corresponder a padrões que não eram seus, e agora, com 32 anos, estava perdida. A viagem não tinha um destino certo; o objetivo era apenas sair, se afastar, dirigir para onde as estradas a levassem.
O rádio do carro chiava, falhando em sintonizar qualquer estação, mas não era só a falta de música que incomodava Lúcia. Era o silêncio ensurdecedor de seus próprios pensamentos. O choro da tempestade lá fora refletia o turbilhão dentro dela. De repente, uma placa borrada pelo vento indicou uma cidade pequena, a próxima parada em 5 km. Um alívio tomou conta de Lúcia. Ela precisava parar. As condições estavam piorando, e seu corpo pedia descanso.
Quando finalmente chegou à entrada da cidade, avistou um posto de gasolina abandonado e, logo adiante, uma praça central deserta. Algumas casas antigas, janelas fechadas, lojas com portas cerradas. A cidade parecia suspensa no tempo, ou talvez fosse apenas o efeito da tempestade que tornava tudo tão sombrio.
Atravessando a praça, ela avistou uma pousada modesta, com uma varada protegida onde algumas luzes ainda estavam acesas. Com sorte, alguém estaria lá. O carro finalmente parou com um suspiro de alívio. Lúcia saiu, cobrindo-se com um casaco e correndo até a porta da pousada. Um sino tilintou quando ela entrou.
O Primeiro Encontro
O saguão era pequeno, com uma lareira acesa que lançava sombras quentes pelas paredes de madeira. O ambiente cheirava a café e a livros antigos. Atrás do balcão, uma mulher de cabelos grisalhos sorriu com simpatia, enxugando as mãos em um avental.
— Boa tarde — disse Lúcia, tentando soar mais tranquila do que realmente se sentia. — Você tem algum quarto disponível?
— Temos, sim, querida — respondeu a mulher, com a voz suave. — Essa tempestade não vai embora tão cedo. Melhor se abrigar.
Lúcia concordou com um aceno de cabeça, enquanto pegava a chave do quarto que a mulher lhe oferecia. Subiu uma escada de madeira que rangia sob seus pés e se dirigiu ao segundo andar. O quarto era simples, mas aconchegante, com móveis de madeira rústicos e uma janela que dava para a praça. Do lado de fora, a chuva continuava martelando o mundo, mas ali dentro o calor da lareira tornava o ambiente acolhedor.
Ela se jogou na cama, sem forças, mas seus pensamentos ainda corriam a mil. Tentava processar os últimos meses de sua vida, a separação recente de Marcelo, a pressão para ter sucesso na carreira que já não a preenchia. O peso de tudo aquilo fazia seu peito apertar.
Foi quando ouviu um barulho no corredor. Passos. Alguém caminhava lentamente em direção ao quarto ao lado do seu. Lúcia levantou-se e abriu a porta, sem realmente saber por quê. O corredor estava parcialmente iluminado, e, no final dele, viu um homem parado em frente à janela, olhando para a tempestade. Ele usava uma jaqueta preta, o cabelo castanho estava molhado, e suas botas estavam cobertas de lama. Ele parecia perdido em pensamentos, até perceber que ela o observava.
— Desculpe, não queria incomodar — disse Lúcia, um pouco embaraçada.
O homem virou-se para ela e esboçou um sorriso discreto, mas seus olhos estavam sombrios, como se carregassem o peso de muitos segredos.
— Não tem problema — ele respondeu com uma voz baixa e rouca. — Eu estava apenas... olhando a tempestade.
Capítulo 2: Segredos nas Sombras
Os dias seguintes foram marcados pelo constante som da chuva batendo nas janelas da pousada. Lúcia e Miguel, sem saber o que fazer com o tempo preso naquela pequena cidade, começaram a passar mais tempo juntos. Inicialmente, as conversas eram curtas, trocas ocasionais no café da manhã ou nos momentos em que se cruzavam no saguão da pousada. Mas, pouco a pouco, as interações se aprofundaram.
Lúcia descobriu que Miguel tinha um ar de mistério que ela não conseguia desvendar. Ele falava pouco sobre si, mas mencionou que trabalhava com algo relacionado a construção e que também estava fugindo de algo, embora não entrasse em detalhes.
— Às vezes, a gente precisa fugir, não é? — disse Lúcia certa noite, enquanto ambos estavam sentados na varanda, assistindo à tempestade que parecia interminável.
— Talvez — respondeu Miguel, pensativo. — Mas sempre acho que, mais cedo ou mais tarde, o que estamos tentando evitar acaba nos encontrando.
Os dias passaram, e uma proximidade mais íntima começou a surgir entre eles. Compartilhavam suas dores e medos, mas ainda mantinham segredos, camadas ocultas que não estavam prontos para expor. Contudo, não podiam ignorar a atração crescente, nem o fato de que ambos estavam profundamente marcados por seus passados.
Foi numa tarde particularmente tempestuosa que Miguel, finalmente, abriu-se um pouco mais.
— Eu... não te contei tudo sobre mim — disse ele, enquanto o fogo crepitava na lareira da sala. — Estou fugindo de um erro. Um erro grave que cometi anos atrás e que me assombra todos os dias.
Lúcia o olhou em silêncio, sentindo que aquele era o momento de revelações, tanto dele quanto dela.
— Eu também tenho fantasmas — ela admitiu, a voz vacilante. — Não consigo mais saber quem eu sou, nem o que estou buscando. Acho que, no fundo, vim para cá porque precisava me perder antes de tentar me encontrar.
A conexão entre eles ficou mais intensa a partir daquele momento. Ambos sabiam que o que os unia era muito mais do que a mera coincidência de uma tempestade.
Capítulo 3: Conexões Reveladas
Conforme as revelações se desenrolam, Lúcia e Miguel descobrem que seus passados estão mais conectados do que poderiam imaginar. A verdade que ambos escondem tem raízes em eventos que os ligam de maneira inesperada.
Um acidente antigo, uma perda trágica e o impacto disso nas vidas deles começam a ser desvendados. No fim, a tempestade é apenas o prelúdio da grande transformação interna que cada um precisa enfrentar.
Lúcia e Miguel não só se encontram mutuamente, mas também encontram redenção e o poder de recomeçar, juntos.
O Recomeço
A tempestade, no fim, se dissipa, mas a jornada de Lúcia e Miguel apenas começa. Eles descobrem que, por mais assustador que seja encarar os próprios fantasmas, é sempre possível encontrar luz, mesmo nas tempestades mais sombrias.
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