A Noite dos Mortos-Vivos: O Legado de Raven Hollow
Prólogo
O vento uivava entre as lápides desgastadas do cemitério de Raven Hollow, carregando consigo o cheiro de terra molhada e decadência. A lua, cheia e sanguinolenta, iluminava fracamente os túmulos abandonados, enquanto sombras se arrastavam entre as cruzes inclinadas. Algo estava errado naquela noite. Algo que desafiava a própria natureza.
E então, as primeiras mãos romperam a superfície da terra.
Capítulo 1: O Despertar
Megan Carter nunca deveria ter voltado para Raven Hollow. A pequena cidade do interior, outrora seu lar, agora era apenas um amontoado de memórias dolorosas—a morte de seus pais, o abandono dos amigos, os segredos enterrados. Mas o funeral de sua avó a trouxe de volta, mesmo que por apenas uma noite.
Enquanto dirigia pela estrada sinuosa, o rádio do carro começou a chiar, interrompendo a música com um alerta estático:
"...relatos de distúrbios em várias cidades… autoridades recomendam que civis permaneçam em casa… possível surto de violência…"
Megan ignorou. O rádio sempre pegava mal naquela região.
Ao chegar ao velório, notou que poucos compareceram. Apenas o velho Xerife Dawson, alguns rostos desconhecidos e seu ex-namorado, Daniel, que agora trabalhava como médico na clínica local.
— Estranho, não é? — Daniel murmurou, olhando para o céu. — O tempo fechou do nada.
Megan não respondeu. Seus olhos estavam fixos no caixão aberto de sua avó. O corpo parecia… diferente. As unhas mais longas. A pele mais pálida.
Antes que pudesse questionar, os gritos começaram do lado de fora.
Capítulo 2: O Primeiro Ataque
O que saiu da escuridão não era humano.
O cadáver do velho Thompson, enterrado na semana passada, arrastava-se pelo gramado do cemitério, seus olhos leitosos fixos nos vivos. Sua mandíbula desencaixada gemia enquanto avançava.
O pânico se instalou. Pessoas corriam, tropeçavam, gritavam. Megan viu o Xerife Dawson sacar sua arma e disparar—o tiro acertou o peito do morto, mas ele não caiu.
— Que diabos?! — Dawson recuou, pálido.
Daniel puxou Megan para dentro da capela, trancando a porta.
— Temos que sair daqui. Agora.
Os vidros quebraram. Mãos esqueléticas se arrastavam para dentro.
Capítulo 3: A Fuga
O grupo de sobreviventes—Megan, Daniel, o Xerife e duas enfermeiras—conseguiu fugir em uma van abandonada. A cidade estava em chamas. Pessoas corriam, mas logo eram derrubadas por figuras que outrora foram seus entes queridos.
— Isso é algum tipo de vírus? — uma das enfermeiras chorava.
— Não. — Daniel olhou para Megan. — Lembra das histórias que sua avó contava? Sobre os mortos que não descansam?
Megan sentiu um frio na espinha. Sua avó sempre falava de uma maldição antiga, algo ligado à terra de Raven Hollow.
— Você não acredita nisso… — ela sussurrou.
— Acredito no que estou vendo.
A van balançou violentamente. Algo—ou alguém—havia caído sobre o teto.
Capítulo 4: A Verdade Sombria
Refugiados em uma fazenda abandonada, os sobreviventes descobriram um diário antigo entre os pertences dos donos. As páginas falavam de um ritual realizado décadas atrás, quando os fundadores de Raven Hollow profanaram um cemitério indígena para construir a cidade.
— Eles despertaram algo… — Megan leu em voz alta. — Algo que dormia sob a terra.
Daniel examinou os ferimentos do Xerife, que fora arranhado durante a fuga.
— Se isso for contagioso…
Os olhos de Dawson já estavam ficando turvos.
— Vocês precisam ir embora. Agora.
Antes que pudessem reagir, o primeiro tiro ecoou.
Capítulo 5: O Sacrifício
A noite parecia não ter fim. Megan e Daniel correram em direção à floresta, ouvindo os gritos dos mortos-vivos atrás deles.
— Tem um lugar! — Megan gritou. — A caverna nos mapas antigos. Dizem que era sagrada.
Se havia uma chance de reverter a maldição, estava lá.
Ao chegarem, encontraram símbolos ancestrais nas paredes. Um altar de pedra manchado de sangue seco.
— Precisamos repetir o ritual. Mas… — Daniel hesitou. — Precisa de um sacrifício. Alguém vivo.
Megan olhou para ele, então para os zumbis se aproximando.
— Faça isso.
Epílogo: O Amanhecer
O sol nasceu sobre Raven Hollow. Os corpos dos mortos-vivos jaziam imóveis, finalmente em paz.
Daniel, ferido e ensanguentado, emergiu da caverna. Ele era o único sobrevivente.
Mas enquanto ele caminhava em direção à estrada deserta, uma sensação de déjà vu o atingiu.
No rádio de um carro abandonado, uma voz sussurrava:
"...relatos de distúrbios em várias cidades…"
E então, ele ouviu o primeiro gemido ao longe.
Fim.
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