Pânico na Floresta
Era uma noite de lua cheia, e a floresta parecia estar viva, respirando em sincronia com o vento que sussurrava entre as árvores. Os animais noturnos, normalmente barulhentos, estavam estranhamente silenciosos, como se algo os tivesse feito recuar para as profundezas de seus esconderijos. Apenas o som das folhas secas sendo esmagadas sob os pés de um grupo de amigos ecoava pelo ar denso.
Eram cinco jovens: Lucas, o líder natural; Ana, a mais cautelosa; Pedro, o brincalhão; Marina, a observadora; e Thiago, o mais cético do grupo. Eles haviam decidido acampar na floresta como uma forma de se desconectar da vida urbana e se reconectar com a natureza. No entanto, o que começou como uma aventura descontraída logo se transformaria em uma luta pela sobrevivência.
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O Primeiro Sinal
O grupo havia montado as barracas próximo a um riacho, onde a água cristalina corria suavemente. O fogo crepitava no centro do acampamento, lançando sombras dançantes nas árvores ao redor. Todos riam e contavam histórias, até que um som estranho interrompeu a conversa.
Era um gemido baixo, quase imperceptível, que parecia vir de todos os lados ao mesmo tempo. Ana foi a primeira a notar. "Vocês ouviram isso?", ela perguntou, seus olhos escaneando a escuridão além do círculo de luz do fogo.
"Deve ser algum animal", disse Thiago, encolhendo os ombros. "Não se preocupe, Ana. A floresta está cheia de sons estranhos."
Mas o gemido não parou. Ele aumentou de intensidade, transformando-se em um uivo prolongado que fez todos se arrepiarem. Marina, que estava sentada mais afastada do grupo, levantou-se de repente. "Isso não é normal", ela disse, sua voz tremendo levemente. "Eu já acampei aqui antes, e nunca ouvi nada parecido."
Lucas tentou acalmar o grupo. "Vamos nos manter juntos e não entrar em pânico. Provavelmente é só um lobo ou algo assim. Vamos nos preparar para dormir e amanhã tudo vai parecer menos assustador."
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A Escuridão que Persegue
Enquanto todos se preparavam para dormir, o uivo continuou, intermitente, como se estivesse se aproximando. Ana, que dividia uma barraca com Marina, não conseguia relaxar. "Marina, você acha que estamos seguros aqui?", ela perguntou em voz baixa.
"Eu não sei", Marina respondeu, olhando para o teto da barraca. "Mas algo está errado. Eu sinto isso."
No meio da noite, o grupo foi acordado por um grito agudo. Era Pedro, que estava de pé do lado de fora da barraca, apontando para a floresta. "Alguém está lá fora!", ele gritou, sua voz cheia de pânico.
Lucas saiu correndo da barraca, seguido pelos outros. "O que você viu?", ele perguntou, tentando manter a calma.
"Eu vi... algo se movendo entre as árvores. Era grande, muito grande, e não parecia um animal", Pedro respondeu, sua respiração ofegante.
Thiago riu nervosamente. "Você provavelmente estava sonhando, Pedro. Vamos voltar para a barraca."
Mas antes que pudessem se mover, um som de galhos quebrando ecoou na escuridão. Desta vez, todos ouviram. Algo estava se aproximando, e não era pequeno.
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A Caçada Começa
O grupo decidiu se reunir ao redor do fogo, que agora estava quase extinto. Lucas tentou reacendê-lo, mas as mãos tremiam tanto que ele mal conseguia segurar o isqueiro. Enquanto isso, os sons ao redor se intensificavam: passos pesados, arranhões nas árvores e um rastro de respiração rouca que parecia estar em toda parte.
Ana foi a primeira a ver. Ela apontou para a escuridão, seus olhos arregalados de terror. "Lá! Está vindo para cá!"
Todos se viraram para onde ela apontava. Entre as árvores, uma figura alta e escura se movia, sua silhueta indistinta, mas inegavelmente humana. No entanto, havia algo errado com ela. Seus movimentos eram desarticulados, quase mecânicos, e sua presença emanava uma aura de puro medo.
"Corram!", Lucas gritou, e o grupo não precisou ser avisado duas vezes.
Eles correram pela floresta, sem direção, apenas tentando se afastar daquela coisa que os perseguia. As árvores pareciam se fechar ao seu redor, e os galhos arranhavam seus rostos e braços. O som de passos pesados ecoava atrás deles, sempre próximos, sempre perseguindo.
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O Desespero Crescente
Depois de correrem pelo que pareciam horas, o grupo finalmente parou, exausto e perdido. "Onde estamos?", perguntou Marina, olhando ao redor. A floresta parecia ainda mais densa, e a lua já não conseguiu penetrar no dossel das árvores.
"Estamos completamente perdidos", Pedro admitiu, sentando-se em uma pedra. "E aquela coisa... o que era aquilo?"
Ninguém teve uma resposta. O silêncio que se seguiu foi quebrado por um novo som: um riso baixo e rouco que parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo. Era um som que não pertencia a nenhum animal, nem a nenhum ser humano.
"Precisamos sair daqui", Ana disse, sua voz tremendo. "Agora."
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A Revelação
Enquanto tentavam encontrar uma saída, o grupo começou a notar coisas estranhas: marcas nas árvores que não pareciam naturais, objetos pendurados nos galhos que brilhavam à luz da lua, e um cheiro doce e enjoativo que pairava no ar.
Foi Marina quem percebeu o padrão. "Isso não é natural", ela disse, parando abruptamente. "Alguém está nos encurralando. Isso é uma armadilha."
"Quem faria algo assim?", Lucas perguntou, mas antes que alguém pudesse responder, a figura reapareceu.
Desta vez, eles puderam vê-la claramente. Era alta, com membros longos e desproporcionais, e seu rosto... não havia rosto, apenas uma massa escura e indistinta. Ela se moveu em direção ao grupo com uma velocidade assustadora, e todos correram novamente, mas desta vez em direções diferentes.
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O Fim da Linha
Ana e Marina acabaram juntas, correndo até chegarem a uma clareira. No centro dela, havia uma cabana antiga e deteriorada. Sem pensar duas vezes, elas entraram, esperando encontrar refúgio.
Dentro, a cabana estava vazia, exceto por uma mesa no centro, sobre a qual havia um diário empoeirado. Ana pegou-o e começou a ler. As páginas contavam a história de um homem que havia se perdido na floresta anos atrás e que, em sua loucura, começou a caçar outros campistas, acreditando que eles eram espíritos malignos.
"Ele ainda está aqui", Marina sussurrou, seus olhos cheios de terror.
Antes que pudessem reagir, a porta da cabana se abriu com um estrondo, e a figura entrou, seus olhos brilhando com uma luz maligna. Ana e Marina gritaram, mas não havia para onde correr.
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O Amanhecer
Quando o sol finalmente nasceu, a floresta estava silenciosa novamente. O acampamento estava vazio, as barracas destruídas e o fogo extinto. Não havia sinal de Lucas, Pedro ou Thiago.
Ana e Marina nunca foram encontradas. A cabana na clareira desapareceu, como se nunca tivesse existido.
E assim, a lenda da floresta assombrada cresceu, alimentada pelos desaparecimentos inexplicáveis e pelos uivos que ainda podem ser ouvidos nas noites de lua cheia. Aqueles que se aventuram muito fundo na floresta podem encontrar marcas nas árvores, ou sentir uma presença observando-os das sombras.
E talvez, se tiverem azar, eles também ouvirão o riso rouco que ecoa entre as árvores, anunciando que a caçada começou novamente.
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